Boa parte das doenças que acometem os indivíduos são adquiridas durante o curso de
suas vidas, de acordo com seus hábitos e os espaços frequentados. É comprovado que
cerca de 90% do tempo das pessoas são vividos em locais fechados. Sendo assim,
aspectos diversos da edificação contribuem para deixá-las mais suscetíveis ou não a
doenças crônicas. Diante de um cenário atual bastante adverso, devido a pandemia do
novo coronavírus, muitos estão revendo o seu modo de viver, trabalhar e operar. E, a
arquitetura vem sendo uma grande aliada nesse processo.
A arquiteta e designer, Bia Gadia, acredita que ocorrerá uma ressignificação de algumas
tipologias convencionais em prol de uma arquitetura mais saudável para a cidade e para as
pessoas. “É nesse momento que precisamos repensar como a arquitetura para espaços de
saúde pode responder melhor ao conforto e qualidade de vida dos usuários, abandonando
antigos paradigmas e adotando soluções da arquitetura biopsicossocial, que é sustentável,
saudável, resiliente, flexível, inclusiva e inteligente”, explica.
Mas, o que é “Arquitetura Biopsicossocial”? É aquela arquitetura preocupada realmente com
o ser humano e o meio em que ele está inserido, envolvendo a execução de estratégias
ecologicamente corretas, economicamente viáveis e socialmente justas. E isso tem tudo a
ver com Saúde, tanto dos seres vivos, quanto dos ambientes onde eles vivem.
De acordo com a profissional especialista em Saúde, essa arquitetura promove maior
desempenho ambiental, social, econômico e cuida da saúde da cidade, da edificação e de
seus usuários do projeto à operação. “Ela contribui para o bem-estar, proporcionando uma
boa experiência aos usuários, maior produtividade da equipe, funcionários e colaboradores
e acelerando o processo da alta e rotatividade dos pacientes/clientes”, detalha.
Para Bia Gadia, os projetos devem ser responsivos e planejados para suprir as lacunas
presentes no mercado e fazer com que o ambiente seja saudável, sustentável, confortável e
funcional, valorizando ainda mais o bem-estar dos usuários. “Nos meus projetos, emprego
essa arquitetura, que chamo de ‘Arquitetura 5.0’. Todos são concebidos para também
responder às condições naturais, ambientais, incorporando à arquitetura à paisagem,
resultando em um ambiente onde a natureza é o padrão, e proporcionando uma agradável
qualidade de vida e experiência aos usuários”, afirma.
Em outras palavras, as pessoas são influenciadas de forma profunda e decisiva pela
arquitetura à sua volta, seja do lar, do trabalho, das ruas, ou dos hospitais. Ela é capaz de
modificar a vida de cada um influenciando o modo de ser e de sentir. “O que procuramos
numa obra arquitetônica não está distante daquilo que procuramos num amigo, e amigos
como ambientes, são escolhidos pelo bem-estar. Resumindo: a arquitetura biopsicossocial
é a arte de construir espaços para a vida ter lugar”, conclui a arquiteta CEO da Bia Gadia
Arquitetura e Design.
*Texto publicado na Revista Healthcare Management