Como planejar ambientes para idosos que querem continuar ativos mesmo com as dificuldades inerentes ao envelhecimento?

A pandemia da covid-19 trouxe novos olhares e o isolamento social chegou de surpresa, tornando o espaço residencial o centro da vida e da rotina de todos. Mas, entre tantas mudanças, você já parou para pensar no que virá depois da pandemia? Já imaginou quais transformações chegaram para ficar nas moradias? A realidade revelou as fragilidades do sistema de respostas sociais, com particular penalização dos idosos. Tal contexto evidenciou a conexão entre o contágio/mortalidade nos lares e a concepção dos ambientes construídos. “Sobressaiu a importância do que tenho chamado de Arquitetura 5.0 que é aquela arquitetura resiliente e responsiva; arquitetura saudável; arquitetura sustentável e biofílica; arquitetura flexível e inclusiva; arquitetura inteligente e segura como essencial para a recuperação desses espaços frequentados, principalmente, por pessoas da maior idade”, comenta a arquiteta e designer, Bia Gadia.

Propostas e soluções criativas para os 60+ são muito procuradas, mas o que mais se encontram são adaptações. O comércio e os profissionais oferecem projetos diferenciados desde recém-nascidos até os recém-casados, considerando que a finitude da vida é breve. Mas, desconsideram a população sênior. A expectativa é que em 2025 a população com mais de 65 anos será maior do que bebês com menos de 1 ano, representando 13% da população brasileira. “É um nicho muito significativo e temos que ter longevidade com qualidade de vida. O meu papel como arquiteta é conectar a arquitetura e o designer de interiores à saúde para manter por mais tempo a autonomia dos idosos”, destaca Bia Gadia, profissional da área há quase 20 anos, com expertise na arquitetura para a saúde e bem-estar.

Para essa parcela da população, escolher e definir onde – e como – morar requer rever todos os ambientes da moradia – e todos os equipamentos, acabamentos, mobília, até a decor – para manter a segurança física e mental. Mas, vai bem além da aparência, da estética. O bonito tem que ser prático, seguro, de fácil uso e manutenção. A estética tem que vir aliada à técnica e função. A iluminação precisa ser bem pensada. “Temos que ver os idosos como os pioneiros, aqueles que chegaram primeiro onde ninguém foi, e buscar formas de apoiá-los. Eles perdem amigos, membros da família, é mais difícil socializar e fazer conexões. A Arquitetura Biopsicossocial pode ter um papel importante nesse processo físico, social, emocional, mental, espiritual e profissional”, avalia Bia Gadia.

De acordo com a arquiteta, um projeto acessível, seguro, adaptável, exige pouco esforço físico para o seu uso, é de fácil percepção, simples e intuitivo, para que todos que moram na casa possam utilizá-lo com independência e igualdade. “Ao realizar um projeto para um cliente, eu sigo os parâmetros do Desenho Universal, resultando em ambientes flexíveis e adaptáveis, de tal forma que o espaço possa ser utilizado pelo maior número de pessoas em qualquer uma das fases da vida. Algumas dicas que podem ser consideradas unânimes para projetos para a terceira idade são: iluminação uniforme e bem distribuída; iluminação com sensor de movimento; luz noturna; iluminação de reforço nas áreas de trabalho (bancadas de cozinha, banheiros); piso nivelado e antiderrapante; barras de apoio em banheiros; evitar o uso de tapetes; móveis em alturas adequadas; portas com 90cm ou no mínimo 80cm”, pontua Bia Gadia.

Home Care
Esse envelhecimento da população é um dos motivos que tem trazido a modificação do modelo hospitalar para o modelo domiciliar no Brasil, principalmente para essa população mais idosa. O alto custo no gasto com a saúde em clínicas e hospitais são os principais fatores que impulsionam o crescimento da demanda pelo autocuidado, por recursos terapêuticos em casa, e/ou por contratação de cuidadores. Além disso, é visível o aumento daqueles que se dedicam ao cuidado de parentes com 60 anos ou mais. O fluxo de buscas por essas alternativas é uma tendência que tem crescido entre os brasileiros. Dados da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp), apontam que, no último ano, essa prática aumentou 35%.

Para Bia Gadia, a arquitetura perpassa também por esse cuidado domiciliar, não só para o paciente, como para o seu cuidador. “Este cenário é também de nossa responsabilidade. Temos que pensar num desenho universal que promova ações que beneficiem a saúde do idoso e a qualidade de vida de ambos que dividem o mesmo espaço. O ambiente domiciliar do idoso, para que ele tenha bem estar, deve proporcionar autonomia e independência, permitindo assim acessibilidade a todos os cômodos”, avalia.

A arquiteta detalha, ainda, que o ambiente de pessoas com mais de 60 anos deve ser prático, considerando-se a simplificação e funcionalidade, respeitando os aspectos culturais e psicossociais, como a identificação do idoso com esse ambiente e a manutenção de sua privacidade. “O envelhecimento traz limitações por conta de perdas físicas ou sensoriais que passam a interferir na relação do usuário idoso com o ambiente. Essas perdas devem ser compreendidas, assim como as necessidades que elas demandam, para a elaboração de projetos novos ou adaptações de ambientes privados, as residências, ou espaços públicos, os edifícios públicos, as ruas, os equipamentos urbanos, transportes, para satisfazer as necessidades das pessoas portadoras de necessidades especiais ou com mobilidade reduzida, no caso dos idosos, propiciando assim deslocamentos com conforto, autonomia e segurança”, conclui Bia Gadia.

Veja outras

Bia Gadia Arquitetura & Design lança nova marca

Arquitetura para vida, saúde e bem-estar! Esse é o slogan da Bia Gadia Arquitetura & Design, que entra numa nova fase para celebrar duas décadas de atuação no mercado. […]

Arquiteta recebe o primeiro selo nível A de edificação pré-existente pelo HBC no Brasil

A certificação foi dada pela Healthy Building Certificate (HBC) a Gadia House, localizada em Barretos (SP) Com […]

Bia Gadia Arquitetura e Design funcionará no coworking do North Shopping Barretos

Um ano cheio de novidades para a Bia Gadia Arquitetura e Design. Ainda no primeiro semestre de 2020, o projeto do coworking foi aprovado e o escritório logo terá um novo endereço. […]

Um novo tempo em busca da vida, da saúde e do bem-estar

O cenário atual desperta nas pessoas a consciência e o significado de solidariedade. Num momento onde tudo está sendo impactado em suas diversas áreas e segmentos, cabe a cada […]

NeuroArquitetura: o poder do meio sobre o cérebro

A NeuroArquitetura tem caráter interdisciplinar e, ao incorporar elementos da neurociência aplicada, estabelece interfaces ricas com outros campos do conhecimento que, originalmente, […]

Projetos residenciais pós-pandemia

O que muda no morar após a pandemia do coronavírus? Não é exagero dizer que nunca passamos tanto tempo dentro de nossas casas. Neste período descobrimos novas necessidades, […]
×

Hello!

Click one of our contacts below to chat on WhatsApp

×